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Banalidade do mal
“O problema com Eichmann era exatamente que muitos eram como ele, e muitos não eram nem pervertidos, nem sádicos, mas eram e ainda são terrível e assustadoramente normais.”
(Hannah Arendt, “Eichmann em Jerusalém”)
Dando sequência aos nossos posts de conceito - e seguindo a Semana Hannah Arendt do NEPAT - hoje nós vamos falar sobre o conceito de banalidade do mal.
Quando Hannah Arendt embarcou para Jerusalém para assistir ao julgamento de Adolf Eichmann, ela esperava encontrar um monstro a altura dos crimes que havia cometido. Sua surpresa vem do fato de que ela se depara com uma pessoa absolutamente normal. A sua preocupação com fenômeno do mal pré-datava o julgamento, no entanto, ao escrever seu livro sobre Eichmann ela não tinha a intenção de criar uma teoria ou desenvolver um conceito. Mas a controvérsia que a publicação do seu relato despertou fez com que Arendt percebesse a importância das questões em que havia tocado.
Falar sobre a banalidade do mal não significa dizer que os crimes do regime nazista são triviais, mas sim apontar para o abismo aparentemente insuperável entre o mal extremo do totalitarismo e seus agentes. O fato de que pessoas aparentemente normais podem se transformar em genocidas sem sentir remorsos é uma questão com a qual ainda devemos nos confrontar.
A questão do pensamento é fundamental para entendermos a banalidade do mal. O que caracterizava o comportamento de Eichmann era sua incapacidade de pensar. Eichmann abandonou por completo sua faculdade de julgamento e deixou de questionar o trabalho que fazia. Ao submeter sua vontade a do regime nazista, ele abdicou de qualquer senso de responsabilidade por seus atos. Para Arendt, estava claro que Eichmann foi capaz de fazer o que fez porque deixou de lado esta atividade tão importante do espírito - o pensamento.
Indicações:
🎙 Podcast Desnazificando: #14: Hannah Arendt e a banalidade do mal [com Adriano Correia]
📚 A vida do espírito